6 de abril de 2011

Educação moderna e o Brasil

As idéias weberianas permitem a compreensão da educação brasileira sob a perspectiva institucional pois exprime as características singulares do nosso processo de formação

Alonso Bezerra de Carvalho

Apropriar-se do pensamento clássico é um dos desafios que se coloca a quem pretende dar consistência e caráter inovador a suas pesquisas, mas tomar as idéias de um pensador como Max Weber é tarefa que nos provoca e nos entusiasma, isto é, nos leva a um bom exercício intelectual. Mais animador ainda quando as suas idéias nos conduzem a refletir sobre um tema que não encontramos de maneira clara em seus escritos: a educação.

Sabemos que a interpretação que Max Weber faz das ações e valores da modernidade influenciou sobremaneira o pensamento e a prática da cultura contemporânea. Ao estudar o processo de racionalização ocorrido no Ocidente, visto como elemento central do que é comumente definido como modernidade, Weber suscita discussões na área da ciência e, correlativamente, na educação, possibilitando a ampliação do nosso entendimento sobre qual o papel do conhecimento e do ensino.

De fato, Weber não escreve textos que tratam especificamente de educação, mas fornece indicações que contribuem para a formulação de tipologias pedagógicas. Há passagens, por exemplo, em que explicita qual deveria ser o papel do professor. Para Weber, o objetivo fundamental do educador é proporcionar aos alunos um conteúdo que incentive a reflexão própria, mas, para que isso aconteça, não basta somente estar atento ao conteúdo, mas também à maneira como este é transmitido. É preciso que o professor adote uma ética não-partidária na sala de aula, ou seja, que não exponha a sua opinião ao apresentar um conteúdo e, caso o faça, ter a honestidade de dizer que o está fazendo. É preciso incentivar o aluno a adotar uma opinião condizente com a sua compreensão, de modo que a posição “neutra” do professor permita que, também fora da sala de aula, o aluno tenha a capacidade crítica de refletir sobre o que observa, experimenta e decide. Somente assim a conduta do professor estaria condizente com o processo de racionalização de nossa cultura.

Essa questão é tratada com clareza numa conferência que proferiu para jovens alemães, publicada em Ciência e política: duas vocações. Para Weber, estariam errados os jovens que buscam no professor a figura de um “líder”, pois a cátedra acadêmica deveria ser ocupada somente por um professor. Enquanto o líder pretende ser um orientador nas questões que se referem à conduta prática, qual um conselheiro na política, o professor deveria abster-se de tal ocupação, reservando-se apenas a fazer “análise e formulações de fato”. O professor que se sente chamado a agir como conselheiro da juventude, a intervir nas lutas entre as concepções de mundo e posições partidárias, deveria fazê-lo fora da sala de aula, em lugar público, onde os seus oponentes não estão condenados ao silêncio.

Se não quisermos ser anacrônicos, faz-se necessário distinguir essas duas maneiras de existência, fato que encontramos, segundo Weber, no modo de pensar dos jovens americanos: “O jovem americano não tem respeito por coisa alguma, nem por ninguém, pela tradição ou pelo cargo público. A concepção que tem do professor que o enfrenta é: ele me vende seu conhecimento e seus métodos em troca do dinheiro do meu pai, tal como o verdureiro vende repolhos à minha mãe”. Jamais ocorreria a um jovem americano que o seu professor pudesse vender uma concepção de mundo (Weltanschauung) ou um código de conduta, o que o tornaria, neste caso, um treinador de futebol, isto é, um líder. “É a isso que o americano chama de ‘democracia’.”

Essa posição da juventude americana, vista por Weber como apropriada, está associada ao significado que a ciência teria adquirido na modernidade. A ciência moderna estaria destituída da capacidade de estabelecer qualquer pressuposição ou significado último, único e decisivo para a existência humana – o mundo teria sido despojado daquelas harmonias fictícias (a verdade universal, a natureza, a divindade e a felicidade) das quais se acreditava outrora estar constituído. Baseado nas regras da lógica e do método, o trabalho científico moderno não ofereceria maior conhecimento das condições de vida do homem como tradicionalmente fazia. Irremediavelmente especializado, impessoal e progressista, descartaria qualquer realização de resultados duradouros. O trabalho científico teria se tornado apenas um meio indispensável da eficácia técnica, do controle prático e da clareza conceitual segundo os propósitos colocados pelo homem.

Weber entende que não estamos mais em condições de provar cientificamente que essa ou aquela posição ou pressuposição é a melhor para uma ação específica no mundo. A razão para tal impedimento é que não teríamos mais um parâmetro de caráter universal que nos possibilite medir a validade do que a ciência pressupõe. Não temos um “ponto arquimediano”, com valor inquestionável e fundamental, de onde pudéssemos deduzir seu valor. No mundo moderno não encontramos mais um “pressuposto último”; ou seja, com Weber, aprendemos que se as ciências modernas não têm condições de legitimar, através de prova científica, seus pressupostos, não podem dar respostas que indiquem o sentido da vida dos homens. São técnicas, frias, instrumentalizadas; estão impossibilitadas de fornecer regras para a vida prático-moral, não constituem visões de mundo, o que demonstra que foram desencantadas, perdendo o caráter mágico-profético.

O tema da educação ou da pedagogia em Weber fica mais claro em sua análise da política, tanto como disciplina científica quanto como ação dos indivíduos. Como outras ciências (as históricas, exatas e naturais), também na ciência política não haveria elementos que possibilitassem o estabelecimento de valores de caráter universal. A política está, desse modo, deslocada na sala de aula, tanto no que concerne aos alunos quanto ao professor. No caso do professor, a política não deveria entrar na sala de aula, sobretudo quando o docente se interessa cientificamente pela política. O verdadeiro professor procuraria evitar impor qualquer posição política ao aluno, quer expressa ou sugerida, e precisa separar duas situações a fim de preservar sua integridade intelectual: a) “apresentar os fatos, determinar as relações matemáticas ou lógicas, ou a estrutura interna dos valores culturais” e b) “responder a perguntas sobre o valor da cultura e seus conteúdos individuais e à questão de como devemos agir na comunidade cultural e nas associações políticas”. Em outras palavras, uma coisa seria tomar uma posição política prática, por exemplo, num comício: ao falar de democracia, as palavras utilizadas “não são meios de análise científica, mas meios de conseguir votos e vencer os adversários; são espadas contra os inimigos”; outra coisa seria realizar uma análise científica em que, para continuar com o mesmo exemplo, a consideração da democracia significa examinar suas diversas formas, seu funcionamento, suas conseqüências, sua oposição às formas não-democráticas. Seria inapropriado a um professor empregar o mesmo procedimento em uma sala de aula.

O profeta e o demagogo não pertencem, portanto, à cátedra acadêmica. Mas, quando o professor julga não poder renunciar a avaliações de ordem prática, então deve transparecê-las aos seus alunos e, acima de tudo, a si próprio. Ou seja, deve distinguir com o máximo rigor os enunciados que exprimem um conhecimento empírico e os que exprimem juízos de valor, pois sempre que o homem de ciência introduz seu julgamento pessoal de valor, cessa a plena compreensão dos fatos.

A ciência moderna e a educação teriam como vocação buscar a verdade, compreender os fatos, determinar as relações matemáticas e lógicas dos acontecimentos. Ao apontar quais as razões fundamentais do significado que a figura do professor e do cientista adquiriram na vida cultural moderna (e porque o verdadeiro professor deveria se fazer menos como treinador de futebol e mais como verdureiro), Weber conclui que o mundo desencantado teria conduzido os vários pontos de vista, as mais diversas perspectivas e valores, a um conflito mútuo. Essa é a base da reflexão weberiana que considero importante para se pensar o tema da educação.

Weber considera que resta ao homem moderno enfrentar o destino com coragem frente às exigências do cotidiano e não ficar à espera de novos profetas e novos salvadores. Para tanto, seria necessário que cada um de nós encontre e obedeça ao demônio que controla os cordões de nossa própria vida, e nisto a ciência e o professor teriam algo a contribuir. Porém, como sugere o exemplo do jovem americano, não deveriam contribuir como treinadores de futebol, como líderes ou reformadores culturais, mas sim como verdureiros, que nos vendem suas verduras para que façamos delas o prato que melhor nos satisfaz. Garantir isso é garantir a liberdade.

Embora as reflexões até aqui expostas possam ser mais bem discutidas, é possível, a partir delas, pensar o Brasil e, mais particularmente, a educação. Weber nos oferece um conjunto de elementos que nos permite questionar em que medida nosso país pode ser considerado moderno. Como recurso metodológico, as idéias weberianas permitiriam compreender que tipo de organização social constitui um país que teve no seu processo de formação características fundadas em valores oriundos de uma base católica, enquanto a modernidade – o “‘espírito’ capitalista” – teria no ethos protestante sua fonte motivadora, mesmo que de maneira inesperada, como ele reconhece. 

É verdade que não é possível transpor de maneira direta as análises formadas por outras perspectivas, porém podemos observar como a educação e os movimentos pedagógicos, sobretudo se olhados em suas grandes linhas, é o campo que no Brasil indica a ausência de uma passagem pelo processo de desencantamento do mundo, como definido por Weber. Em Raízes do Brasil, na esteira da metodologia weberiana, Sérgio Buarque de Holanda considera que a nossa formação cultural não foi marcada por um processo de racionalização, em que os indivíduos agem orientados por valores racionais, metódicos e disciplinares. Seríamos antes um povo constituído por um ethos que advém da intimidade e de um “personalismo exagerado”, o que nos conduz a privilegiar interesses pessoais. Essa constatação seria perceptível na maneira pela qual se estrutura o Estado: patrimonialista, em que os interesses dos seus dirigentes se sobrepõem aos interesses públicos. Ou seja, o Estado tornar-se-ia um patrimônio da classe dirigente. “Não seríamos propriamente um caso ocidental, uma vez que, aqui, o Estado, por anteceder aos grupos de interesses, mais do que autônomo em face da sociedade civil, estaria empenhado na realização de objetivos próprios aos seus dirigentes, enquanto a administração pública, vista como um bem em si mesmo, é convertida em um patrimônio a ser explorado por eles.”

As idéias weberianas servem de instrumento para a compreensão da educação brasileira sob a perspectiva institucional – principalmente a escola – ao nos fazer perceber em que grau ela exprime as características singulares do nosso processo de formação. Tentaremos ser modernos a qualquer custo, no estilo manifesto pela análise de Weber do mundo ocidental, desconsiderando a nossa própria “identidade”? Talvez uma maneira de realizar essa tarefa seja – no campo da educação – diagnosticar o verdadeiro papel que professores e alunos cumprem na escola, tendo o tipo idealdescrito por Weber como parâmetro primordial.

Ação social – Toda ação que leva em conta comportamentos e reações das pessoas de acordo com o ambiente e suas  normas e costumes cotidianos exemplifica ações desse gênero, que Weber divide em quatro tipos: racionais, instrumentais, afetivas e tradicionais. Racionais são aquelas em que o indivíduo leva em conta seus valores e não pensa nas conseqüências, nem nos meios para atingir o objetivo. Instrumental é o oposto desta última. As afetivas são tomadas de acordo com a emoção, para expressar sentimentos pessoais. E, por último, as tradicionais são apoiadas na tradição de determinado grupo ou pessoa. 

Alonso Bezerra de Carvalho é professor do departamento de Educação da UNESP (Assis) e autor do livro Max Weber: Modernidade, Ciência e Educação (Editora Vozes)


20 de março de 2011

o poeta alucina (manoel de barros)


uma interpretação do poema de Manoel de Barros,
por Maria Joseane e bruno nobru, março de 2011.

26 de fevereiro de 2011

Publicidade pega pesado com as crianças

10 de fevereiro de 2011

Cursos de Extensão FACAPA 2011

Objetivos: Realizar uma leitura crítica do livro “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda;- Estabelecer uma dialética entre o processo de construção histórica e cultural do homem brasileiro e a sua subjetividade;- Refletir sobre conflitos da nossa sociedade atual a partir da compreensão de sua construção histórica e cultural.

Objetivos: Conhecer e debater os diversos conceitos de democracia e as formas de participação popular na construção de políticas públicas, visando oferecer aos cidadãos e cidadãs instrumentos que os ajudem na leitura sóciopolítico, e na participação crítica na construção de políticas públicas que promovam a dignidade humana e o bem público.

DEVOÇÃO MARIANA: CRER PARA ENTENDER E ENTENDER PARA CRER
Objetivo Geral: Oferecer respostas teológicas e históricas sobre a vida e os dogmas marianos. Objetivos Específicos: Estudar a vida de Maria, mãe de Jesus, a partir de textos da Tradição Cristã; conhecer e analisar as Declarações Dogmáticas Católicas sobre a pessoa de Maria, mãe de Jesus.  

Objetivos: Tomando como base os textos freudianos que trataram do assunto droga e álcool, este curso visa dizer do que se trata o alcoolismo e a drogadição, na visada psicanalítica. Em seguida, criar um diálogo entre psicanalistas pós-freudianos, que deram seguimento às suas sugestões, ampliando a base para compreensão da subjetividade intoxicada. A partir disso, far-se-á uma inspeção mais demorada das propostas de como um profissional, que lida com sujeitos à droga e álcool, pode preparar-se e atuar no acolhimento da demanda por ajuda. Inclui-se nesta proposta a releitura de alguns dos procedimentos institucionais, oficiais ou não, para previsão e redução de danos advindos da toxicomania. Um grande e variado problema que esgarça o tecido social, com efeitos nocivos no interior do político – aquilo que se refere à cidade e ao urbano – a toxicomania afeta as estruturas dos sistemas de saúde, as instituições carcerária e de recuperação do toxicômano, o judiciário, a família e todas as instâncias que regulam as relações entre cidadãos.

ESPANHOL
Objetivos: Introduzir o aluno na leitura e interpretação de textos em língua espanhola.Além disso, permitir a interação social e a percepção de diferenças, auxiliando na construção de identidade dos sujeitos, visto que aprender uma língua estrangeira no mundo em que vivemos também traz diversos benefícios de ordem político-econômico-social.  

INGLÊS
Objetivos: Proporcionar a vivência de uma forma de se comunicar na qual novas maneiras de ver o mundo são apresentadas e novas culturas são percebidas;- Facilitar o engajamento discursivo do aprendiz, tornando-o capaz de usar a língua adequadamente em situações de comunicação com consciência lingüística e crítica;- Possibilitar a compreensão de um mundo plurilíngüe, dependendo do momento histórico;- Desenvolver no aluno uma relação positiva quanto à leitura, sob diferentes propósitos, e à pesquisa;- Aprender a conviver eticamente e ampliar sua visão de mundo e consciência sobre seus costumes, sua língua e seus valores, bem como sobre as culturas globais.

INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO PSICANALÍTICO DE D. W. WINNICOTT
Objetivos: Introduzir o pensamento psicanalítico de D. W. Winnicott, psicanalista inglês (1896-1971), principalmente sua Teoria do amadurecimento pessoal. Incluso nesta teoria estão: as relações mãe-bebê (a dependência absoluta); seus conceitos de ego, si-mesmo e eu; de psicossoma e saúde psicossomática; espontaneidade e reatividade; o estágio da primeira mamada teórica: as tarefas fundamentais do bebê; a criatividade originária; os estados excitados e os estados tranquilos; a integração no tempo e no espaço; o alojamento da psique no corpo; estágio de desilusão; objetos transicionais; o uso do objeto; o estágio do “eu sou”; o estágio do concernimento; o estágio edípico; a volta à origem; o viver criativo; a tendência antissocial; sonho e realidade, “ter-fé-em”. E uma breve comparação entre estas teorias com as teorias da psicanálise freudiana clássica, em suas aproximações e revisões.  

Objetivos: Promover múltiplos olhares sobre o TEMPO propiciando AUTOCONHECIMENTO, SAÚDE E SABER. Disponibilizar atividades que estimulem a experiência do tempo como forma de vida, e portanto, passível de autorregulação e autogerência.

Objetivos: Promover o encontro de mulheres e a formação da roda de mulheres. Facilitar o estabelecimento de um grupo educativo-terapêutico que fortaleça os vínculos sociais, tão prejudicados na sociedade moderna atual, potencialmente estressante e desorganizadora dos laços afetivos. Propiciar atividades e reflexões que conduzam para o AUTOCONHECIMENTO, SABER e SAÚDE.

SOFRIMENTO PSÍQUICO: HISTÓRIA, FILOSOFIA E PSICOLOGIA
Objetivos: Compreender o sofrimento psíquico na contemporaneidade.- Compreender a relação entre sofrimento psíquico e doença mental.- Fornecer conceitos fundamentais que permitam refletir sobre o sofrimento psíquico a partir da perspectiva das ciências humanas.

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3 de fevereiro de 2011

Estatuto do homem

Thiago de Mello

Artigo 1
Fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida e de mãos dadas marcharemos todos pela vida verdadeira;

Artigo 2
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo;

Artigo 3
Fica decretado que a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança;

Artigo 4
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem, que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu; parágrafo único, o homem confiará no homem como um menino confia em outro menino;

Artigo 5
Fica decretado que os homens estão livres do julgo da mentira, nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem armadura de palavras, o homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa;

Artigo 6
Fica estabelecida durante dez séculos a pratica sonhada por Isaías que o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora;

Artigo 7
Decreta e revogada, fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraudada da alma do povo;

Artigo 8
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá a planta o milagre da flor;

Artigo 9
Fica permitido que o pão de cada dia que é do homem o sinal de seu suor, mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura;

Artigo 10
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida o urro do trai branco;

Artigo 11
Fica decretado por definição que o homem é o animal que ama, e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã;

Artigo 12
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com imensa begonia na lapéla; parágrafo único, só uma coisa fica proibida, amar sem amor;

Artigo 13
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar um sol das manhãs de todas, expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de tentar e a festa do dia que chegou;

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pantano enganoso da dor, a partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.

16 de janeiro de 2011

Decálogo Político, Luiz Carlos Maciel


Luiz Carlos Maciel no programa "Abertura" de Glauber Rocha, TV Tupi, 1979.

1. Queremos liberdade, queremos que todas as pessoas
     tenham o poder de determinar o seu próprio destino;
2. Queremos justiça, queremos o fim de qualquer repressão política,
     cultural ou sexual sobre todos os oprimidos do mundo.
     Especialmente a repressão contra as mulheres, os negros e todas as minorias;
3. Queremos uma transformação completa do chamado 'Sistema Legal',
     de maneira que as leis, os tribuinais e a polícia atuem unicamente em função
     dos interesses do povo, queremos o fim de toda e qualquer violência contra o povo;
4. Queremos uma economia mundial livre, baseada na livre troca de energia e dos materiais,
     e o fim do dinheiro;
5. Queremos um sistema educacional livre que ensine a todos os homens, mulheres
     e crianças da terra exatamente o que todos nós devíamos saber
     para sobreviver e crescer com todo o nosso potencial de seres humanos;
6. Queremos libertar todas as estruturas do domínio das grandes companhias
     e transferir todos os edifícios e a terra para o povo;
7. Queremos um planeta limpo, queremos um povo são;
8. Queremos acesso livre a todas as informações,
     a todos os meios de comunicação e a toda a tecnologia;
9. Queremos a liberdade de todos os prisioneiros mantidos injustamente
     em prisões e em estabelecimentos penitenciários,
     queremos que todos os perseguidos sejam devolvidos a comunidade;
10. Queremos um planeta livre, uma terra livre, comida, teto e roupas para todos,
     queremos arte livre, cultura livre, meios de comunicação livres, tecnologia livre,
     educação livre, assistência médica livre, corpos livres, pessoas livres,
     tempo e espaço livre, tudo livre, para todos.

15 de janeiro de 2011

Declaração de Liberdade Anônima

Firme pela Liberdade. Firme com Anônimos
Aos tiranos, os oprimidos não tem nome.

Desde a sua concepção, a internet tem proporcionado novas formas para as pessoas em todo o mundo a exercer os direitos de liberdade de expressão, liberdade de imprensa e a liberdade de reunião. Esses direitos não são apenas os benefícios de uma sociedade livre - eles são os próprios meios de preservar a liberdade dessa sociedade. O recente aumento da interferência do governo com essas liberdades coincide com o fracasso da mídia corporativa em cumprir seu papel essencial no controle do abuso de autoridade. Censura e omissão jornalística deixaram cidadãos inconscientes e incapazes de responsabilizar os seus governos.

O WikiLeaks foi criado para preencher o vazio deixado pela mídia tradicional, fornecendo as informações necessárias para que os cidadãos exijam de seus governos à responsabilidade. No entanto, não foi concedida a proteção legal conferida aos jornalistas em geral. Em vez disso, a organização tem sido difamada e o apoio monetário foi bloqueado por governos e corporações privadas. Ataques ao WikiLeaks demonstram um inquietante desprezo pelo direito fundamental à liberdade de trocar informações e idéias expressas. Os membros de uma sociedade livre não devem permitir que a informação seja suprimida simplesmente porque é inconveniente aos que estão no poder. Nós compartilhamos a responsabilidade de defender as liberdades vitais. A hora de agir é agora.

Somos Anônimos, um movimento sem líderes que tem trabalhado incansavelmente para se opor a todas as formas de censura na Internet em todo o mundo, desde abusos da DMCA à filtros de conteúdos exigidos por governos. Nossas iniciativas incluem o apoio a grupos dissidentes no Irã, Zimbábue e na Tunísia, bem como travar a batalha da informação altamente visível contra a Igreja da Cientologia. Estamos agora preparados para levar a luta para o cenário mundial. Junte-se a nós em 15 de janeiro para o primeiro de uma série de protestos globais em defesa da WikiLeaks e a liberdade de expressão. Esteja conosco para defender suas liberdades.

Nós Somos Anônimos e Você Também

9 de janeiro de 2011

A escola como espaço de inclusão no cenário de desigualdades

Nosso país tem uma grande parcela de jovens que ainda se encontra excluída do sistema educacional, pelo descaso social, com necessidades de trabalhar para o sustento de suas famílias, tendo que às vezes ter tempo para procurar emprego, ou fazer “bicos”.

O incentivo que não existe a esse jovem que se encontra marginalizado pela sociedade, por questões sociais, “desigualdades” e até a estrutura familiar, vem contribuir para sua exclusão.

Boa parte de nossa infância e adolescência se dá na escola. A escola com função social de democratizar conhecimentos e formar cidadãos conscientes, participativos e atuantes é um direito de todos.

Os jovens aqui citados são jovens que estão fora dessa realidade, sem perspectivas, pois trocam o direito de estarem na escola para trabalharem, ou por se encontrarem excluídos procuram o mundo da marginalização, sem até mesmo terem opção.

A temática “exclusão” é um problema global que afeta a todos, onde os excluídos sem perspectivas procuram saídas às vezes sem volta e os que consideram incluídos numa sociedade de direitos são afetados pela repercussão que esse problema social gera.

Tendo em vista esta discussão sobre exclusão, consideramos a escola como berço do jovem para o exercício da cidadania.

A contribuição de todos é necessária para erradicar este problema. Poderes públicos e privados, ONG’s, assistentes sociais, educadores, comunidade, sociedade em geral devem firmar parcerias.

Discussões em todas instâncias devem acontecer, para projetarmos responsabilidades e ações. Várias propostas de projeto são lançadas com o propósito de somar a tamanho descaso, porém sua viabilidade depende da unificação de uma classe atuante a favor do direito de todo jovem na escola.

Acreditamos que através da cidadania, participação, democratização, co-responsabilidade, cooperação, parcerias, teremos um norte para trabalharmos em prol de mudanças, “inclusão” de nossos jovens.

Colunista Brasil Escola - http://www.brasilescola.com/

Soprando no vento

Quantas estradas precisará um homem andar
Antes que possam chamá-lo de um homem?
Quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar,
Antes que ela possa dormir na areia?
Sim e quantas vezes precisará balas de canhão voar,
Até serem para sempre abandonadas?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Sim e quantos anos pode existir uma montanha
Antes que ela seja lavada pelo mar?
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir,
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça,
E fingir que ele simplesmente não vê?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Sim e quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Antes que ele possa ver o céu?
Sim e quantas orelhas precisará ter um homem,
Antes que ele possa ouvir as pessoas chorar?
Sim e quantas mortes ele causará até ele saber
Que muitas pessoas morreram?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento.